PONTOS RISCADOS
O ponto riscado é um fundamento que nasceu juntamente com a religião de
Umbanda. Mais do que simples desenhos, os pontos riscados são símbolos
sagrados, além de ser um dos elementos que demonstram a autenticidade da
incorporação.
A entidade que realmente está incorporada em seu médium deve passar seu ponto
riscado e ponto cantado os quais serão confirmados pela entidade chefe da casa.
Não existe entidade na Umbanda que não risque ponto. De exu à ibeijada todas as
entidades, se entidades de verdade, devem riscar e firmar seu ponto.
É através dele que a entidade indica sua origem e linha de trabalho e busca as
energias para o cumprimento de sua missão.
Obviamente que um médium em desenvolvimento não terá suas entidades riscando
ponto da noite para o dia. Assim como o desenvolvimento mediúnico, é algo a ser
trabalhado a longo prazo, pois, só se risca o ponto completo a entidade que
está “firme”, ou seja, que já tem um domínio maior sobre a matéria do médium.
O médium em desenvolvimento, muitas vezes sem notar, passa por inúmeras
experiências. Às vezes aparecem símbolos em sua mente, sonham com pontos
riscados e cantados, etc. Essas experiências nada mais são do que a
espiritualidade preparando o médium para o desenvolvimento. Como já foi tratado
em inúmeros textos, o desenvolvimento mediúnico não ocorre apenas dentro do
terreiro, mas ele é constante em nossas vidas. Por tal razão o médium deve
estar sempre em sintonia com a espiritualidade, a fim de contribuir para o
próprio progresso.
Quando se vê “médiuns” em que suas “entidades” tremem ao riscar o ponto, ou
“rabiscam” a tábua com símbolos indefinidos ou até mesmo se negam a riscar o
ponto, é um evidente sinal que seu desenvolvimento ainda não está completo. Que
ainda possuem uma consciência que interfere na vontade entidade.
A entidade quando de fato incorporada, risca sem medo e sem dúvida, pois ela
conhece o ponto a ser riscado. Falta nas situações apontadas acima, sintonia
entre o médium e sua entidade e até mesmo o próprio desenvolvimento do médium.
O médium jamais deve forçar sua entidade a nada. Muitas vezes o médium na
pressa de “se desenvolver” realiza atos que apenas o irão expor. Quando chegado
o momento de riscar seu ponto a entidade irá fazer sem qualquer hesitação.
Qualquer interferência do médium na incorporação é prejudicial, mesmo nos casos
da mediunidade tida por consciente.
Muitas vezes, a entidade, quando entende que já chegou momento, começa seu
ponto, com, por exemplo, uma flecha, uma folha, um raio, etc., e o deixa aberto.
Não se trata do seu ponto riscado, mas sim de seu começo. Com o passar do tempo
ela irá completando até dizer que está pronto. O circulo ao redor da tábua se
dá apenas após a confirmação do ponto, sendo, geralmente, feito pela primeira
vez pela própria entidade chefe.
Já os médiuns graduados, estes já passaram pelo desenvolvimento inicial, por
isso suas entidades riscam por completo sem qualquer hesitação. Se a hesitação
houver, é sinal que seu desenvolvimento também não foi completo ou está
inadequado para a formação que possui.
Dessa forma, verifica-se que apenas após a entidade riscar seu ponto e ele for
confirmado pelo guia chefe da casa, é que a entidade estará de fato
incorporada. Por essa razão é totalmente equivocado a utilização de materiais
pela entidade antes de sua confirmação.
Por exemplo, utilização de capa e chapéu para exu, bengala para preto velho,
bicos e enfeite para as crianças, ciganos, etc., por “entidades” que não
riscaram o ponto. Ora, se ela não riscou ponto, não se sabe quem é, não se sabe
se de fato é a entidade ou se a própria cabeça de médium. Nem todo Exu
usa capa! Nem todo preto velho usa bengala! Nem toda criança usa enfeites e
bico! Por essa razão esses elementos só poderão ser utilizados pelo médium em
que a entidade riscou e teve seu ponto confirmado, pois somente aí ELA poderá
escolher de fato os elementos que deseja utilizar em seu trabalho e não o
médium.
Também é desaconselhado o médium em desenvolvimento procurar na internet pontos
riscados ou comprar os famigerados livros de pontos riscados. O ponto riscado é
algo individual de cada entidade. Como já visto em estudos anteriores, mesmo
que duas entidades pertençam a mesma falange, como por exemplo do Caboclo Sete
Flechas, raramente o ponto dessas entidades serão idênticas. Haverá sim
semelhanças, mas cada espírito terá suas peculiaridades.
O ponto riscado, como dito acima, virá com naturalidade, com o tempo e não da
noite para o dia como pensam alguns. A pressa só atrapalhará o sadio
desenvolvimento do médium.
O médium não deve se sentir menosprezado por que sua entidade não riscou ponto.
O desenvolvimento mediúnico não é igual para todos, pois cada pessoa possui a
mediunidade em um determinado nível sendo alguns mais aguçados que outros. Como
dito acima, deve ter paciência e buscar o correto desenvolvimento passo a
passo.
Os pontos riscados além de identificar a entidade, poderão ser utilizados para
descarregos, firmezas, amacis, cura, segurança, etc. São pontos que a entidade,
após sua confirmação, utilizará em seus trabalhos. Cada símbolo, cada risco tem
um significado o qual deve ser explicado pela entidade que o risca.
As pembas com que eles são riscados, conforme já explicado no estudo sobre
elas, vão depender da linha que a entidade trabalha e do objetivo que está se
riscando.
Esse é um fundamento que não deve se perder! Nasceu com a Umbanda e nela deve
permanecer. Têm-se relatos de terreiros que se dizem de Umbanda, em que não se
é riscado ponto. Trata-se de completo absurdo! O fato de não se riscar ponto
está abrindo campo para mistificações, além de comprometer a própria segurança
da casa.
Para encerrar, como sempre é dito em nossa casa, para exemplificar a
importância do ponto riscado: “sentar no chão, comer doce e pedir benção é
fácil, qualquer um faz sem precisar estar incorporado! Mas riscar seu ponto,
confirmá-lo e dar seu ponto cantado, apenas as verdadeiras entidades irão
fazer!”
“Umbanda tem fundamento e é preciso preparar!”
Conceito: O Ponto riscado é um
instrumento para trabalhos magísticos efetuados pelas entidades. É o selo, o
cartão de visitas, a identificação, o brasão e a bandeira da entidade.
É uma espécie de campo de força
riscado através de símbolos dentro de uma Mandala, onde o instrumento utilizado
em seu campo de trabalho é a Pemba. A Pemba maneja as forças de forma a lhe
conferir afinidade com as entidades, identificando a quem ela se subordina, bem
como seus fundamentos. A Mandala e os símbolos são riscados em uma tabua de
madeira, que se intitula tábua de ponto.
Mandalas:
Constituídas de um desenho
circular, aonde no seu interior vemos formas e figuras variadas. É uma
representação geométrica da dinâmica relação entre o homem e o Cosmo. No
interior da Mandala temos sempre um ponto central, que representa sua essência,
e dele partirão todos os demais elementos. Esse ponto representa Deus, do qual
partiu todas as coisas existentes no planeta. Existem dois tipos de mandala,
mandala aberta, e fechada.
Mandala aberta:
A ação da Mandala aberta é ampla e
vasta, envolve a todos e a todo o terreiro. Dentro de um terreiro normalmente
esse tipo de ponto só é riscado pelo Pai ou pela Mãe espiritual, porque nesse
caso está expandindo a energia para todos.
Mandala fechada:
A ação da Mandala fechada, é a
ação concentrada, delimitada e limitada, a entidade neste caso cria um
verdadeiro campo de força, usado em solicitações específicas e nos pontos
identificatórios.
Na Mandala são colocados elementos simbólicos ancestrais, ao desenhar uma mandala,
ou seja, ao ser riscado um ponto, é criado um instrumento sagrado.
Pemba:
A pemba é uma pedra de calcário,
que nossos guias utilizam para riscar seu o ponto de energia de acordo com a
sua vibração. Ela é parecida com um giz, e pode apresentar várias cores de
acordo com a vibração ou linha da entidade.
A pemba consagrada pode ser ralada
e utilizada para cruzar o ambiente e filhos de santo. Desta forma ela é soprada
nos pontos cardeais do ambiente para que se de a firmeza.
Símbolos e cores:
Todos os Símbolos partirão de um ponto no interior da Mandala. Os
símbolos e as cores da Mandala criam a força que define a ação vibracional da
Mandala (Ponto riscado).
Grafia de Umbanda e seus
significados:
Cada traço, cada forma tem um significado e de acordo com a ordem, a
direção e a maneira como os símbolos se posicionam podem revelar muitas
informações sobre a manifestação espiritual ora transcrita através do ponto
riscado e sua missão de trabalho.
Círculo – O Universo, a Perfeição.
- Circulo aberto – energia expandindo;
- Circulo fechado – energia concentrada;
- Circulo com um ponto – ser supremo, símbolo de Oxalá;
Um Círculo com Dois Diâmetros Entre Si – O Plano Divino, o
Quaternário Espiritual.
Círculos Menores e Semicírculos – A fases da lua (símbolo de
Iemanjá), força de luz inclui Iansã.
Círculo com Estrias Externas – O sol (símbolo de Oxalá).
- Linha reta transversa – mundo material;
- Duas linhas retas transversas
- Linha curva – polaridade;
- Triângulo – Trindade
- Hexagrama ( dois triângulos ) – masculino e feminino, as forças
divinas
- Um Pentagrama -
A Estrela de Davi e o Signo de Salomão
A Linha do Oriente, Oxalá, a Luz de Deus.
Três estrelas também representam os Velhos e Almas.
- Balança, Machado ou Nuvem – Símbolos de Xangô e do Oriente
- Raio – Símbolo de Yansã ( mudança dos tempos, intensidade,
forte energia)
- Espada Curva – Símbolo de poder e força, a luta do bem contra o
mal, símbolo de Ogum;
- Espada Reta – Símbolo de Iansã.
- Coração – Símbolo do amor, da força dos sentimentos que unem os
homens, símbolo de Oxum; a Flor também é um símbolo de Oxum.
- Tridentes – Símbolo
antigo de força, representando a força do Deus Netuno que tinha no tridente a
representação dos pólos que comandavam aquela civilização. Símbolo usado por
exus e pomba giras devido ao sincretismo. Observam – se tridentes de risco
quadrado para exus (compadres) e de risco arredondados para pomba giras.
- Cruzeiro – Símbolo das almas e do encontro dos desencarnados.
Muito comum nos pontos de pretos velhos e exus de cemitério.
- Caveira – Não simboliza a morte. É a identificação dos
espíritos que militam nas esferas da calunga pequena (cemitério).
- Flecha para cima – Símbolo da busca espiritual , do objetivo,
do alvo a ser atingido. Símbolo dos falangeiros de Oxossi.
- Arco e Flecha – Símbolo dos falangeiros de Oxossi
- Fases da lua
Cheia – Símbolo da magia oculta, símbolo de Yemanjá
Crescente – Renovação de forças
Nova – Força plena
Minguante – descarrego ou pólo invertido
- Um Quadrado – O os 4 elementos (Água, Terra, Fogo e Ar).
- Espiral - Para fora indica chamamento de força, retirando
demanda.
- Bandeira Branca com Cruz Grega Vermelha– Símbolo de Ogum.
- Coração com uma Cruz no Interior – Símbolo de Nanã.
- Traços Pequenos na Vertical (chuva) – Símbolo de Nanã.
- Folhas ou Plantas – Símbolos de Ossain.
- Cruz Latina Branca – Cruz de Oxalá.
- Cruz Grega Negra – Com pedestal, símbolo de Omulu.
- Arco-íris – Símbolo de Oxumaré.
- Estrela Branca (Oriente) – Luz dos espíritos.
- Estrela Guia (com cauda) – Símbolo da capacidade de
acompanhamento (Oriente).
- Um Oito Deitado (Lemniscata) – Símbolo do Infinito.
- Cordão com Nó ou um Pano – Símbolo das crianças.
- Conchas do Mar – Símbolo das crianças.
- Águas Embaixo do Ponto – Símbolo de Iemanjá (mar).
- Pequenos Traços de água – Símbolo de Oxum.
- Traço ou Linha Curva com Círculo nas Pontas – Símbolo de
força, amarração e descarrego.
- Rosa dos Ventos – Chamamento de força ou descarrego.
- Palmeiras ou Coqueiros – Força dos Velhos
- Traço com Três Semicírculos nas Pontas – Descarrego e força
também.
Existem muitas grafias utilizadas
por nossos guias e essas são algumas mais comuns. Porém no Ponto riscado está o
segredo e assinatura de cada entidade, aonde poderemos perceber símbolos ainda
desconhecidos apresentados pelas mesmas.
Por isso cabe a nós o estudo e a
avaliação, não só do Ponto riscado, mas da manifestação e da confirmação do
Guia como um todo, onde tem que prevalecer sempre a energia que está
vibrando.
Tábua de Ponto:
Os pontos podem ser riscados em qualquer local, porém se recomenda ao
médium que tenha uma tabua de ponto confeccionada em madeira de boa qualidade
(cedro ou pinho). Ao término do trabalho o médium deve sempre apagar o ponto no
sentido horário com bucha vegetal e seca.
Bucha Vegetal Seca,para apagar os
pontos riscados.