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quinta-feira, 27 de maio de 2010

Poema de Exu (Jorge Amado)

Não sou preto; branco ou vermelho; Tenho as cores e formas que quiser; Não sou diabo nem santo, sou Exu; Mando e desmando; Traço e risco; Faço e desfaço; Estou e não vou, Tiro e não dou; Sou Exu; Passo e cruzo; Traço, misturo e arrasto o pé; Sou reboliço e alegria; Rodo, tiro e boto; Jogo e faço fé; Sou nuvem, vento e poeira; Quando quero, homem e mulher; Sou das praias, e da maré; Ocupo todos os cantos; Sou menino, avô, maluco até; Posso ser João, Maria ou José; Sou o ponto do cruzamento; Durmo, acordo e ronco falando; Corro, grito e pulo; Faço filho assobiando; Sou argamassa; De sonho carne e areia; Sou a gente sem bandeira; O espeto, meu bastão; O assento ? O vento; Sou do mundo, nem do campo; Nem da cidade; Não tenho idade; Recebo e respondo pelas pontas; Pelos chifres da nação; Sou Exu; Sou agito, vida, ação; Sou os cornos da lua nova; A barriga da rua cheia; Quer mais ? Não dou; Não tou mais aqui!

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